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GRAND THEFT AUTO IV

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Por: Eduardo Furlan
 
Gráficos: 11/20
Som: 10/10
Jogabilidade: 16/20
Arte: 20/20
Diversão: 25/30
NOTA FINAL: 82/100

Consoles

 
PC - Computador
Playstation 3
XBox 360

 

Desde seu surgimento, no já longínquo ano de 1997, Grand Theft Auto (ou simplesmente GTA, como ficou amplamente conhecido) era um jogo que chamava atenção por seus temas controversos. O jogo colocava o jogador no controle de um ladrão que cumpria as mais diversas missões para criminosos do alto escalão. Na verdade, o grande chamariz de GTA era a possibilidade inédita de se furtar qualquer carro na rua, causar o caos, peitar a polícia... enfim, a possibilidade de encarnar um bandido perigoso era o grande trunfo de GTA.

Em 1999 chega ao mercado GTA 2, terceiro jogo da série (o segundo foi GTA London 1969, idêntico ao GTA 1, só que com novos carros) que não trouxe grandes novidades em relação ao original. A revolução veio em 2001, com o lançamento de GTA 3. Pela primeira vez na série foram usados gráficos em 3D, uma ambientação mais realista (Liberty City, cidade onde o jogo se desenrola, era uma cópia fiel -guardadas as devidas proporções- de New York), jogabilidade melhorada, diálogos falados, enredo mais complexo. Enfim, mais do que a transição 2D/3D, GTA 3 representou uma mudança de paradigma para a série, com produções mais esmeradas e grandiosas. E também marcou o início do sucesso comercial que tornou, a partir dalí, a série GTA uma das mais vendidas da história.

Após os lançamentos de GTA Vice City e GTA San Andreas, que limitaram-se a melhorar os aspectos de GTA 3, mas sem grandes mudanças, muita expectativa criou-se ao redor de GTA 4. A pergunta que não queria calar, antes do lançamento do jogo, era: será que teremos uma revolução tão grande quando a que se deu na passagem de GTA 2 para GTA 3?

A resposta, posso adiantar, é não. A despeito de algumas melhorias, GTA 4 não traz nada de revolucionário para a série. Como novidades, pode-se citar o telefone celular, a maior ênfase nos relacionamentos sociais do protagonista, e algumas novas possibilidades, como assistir televisão, navegar na internet, assistir a shows, jogar boliche, dardos ou sinuca.

Entretanto, em sua raiz, GTA 4 pouco mudou. Sobretudo as missões não são das mais inspiradas. Praticamente todas elas já foram vistas em jogos anteriores da série, e existe uma certa repetição. Raras são as missões que não consistem em dirigir do ponto A ao ponto B e matar alguns inimigos. Repetem-se também alguns clichês como seguir alguém sem ser visto, entregar um carro bomba, e missões de perseguição em alta velocidade.

Outro ponto notável é que o mundo do jogo parece ter "encolhido" em relação a seu antecessor, San Andreas. GTA 4 é mais pobre em termos de customização de personagem (que em San Andreas possuía até aspectos de RPG), variedade de ambientes, tamanho do mapa e segredos a descobrir. Em suma, deram uma "enxugada" grande em GTA 4.

Em termos gráficos, é notável o salto em relação a San Andreas. Pudera, 4 anos se passaram, uma nova geração de consoles chegou e o poderio dos PCs aumentou exponencialmente. GTA 4 é muito mais bonito que seu antecessor, traz uma nova engine física (que ninguém pense que é algo soberbo como Half Life 2 ou Crysis), mas, quando comparado aos demais jogos desta geração, apanha de lavada. GTA 4 sofre de problemas como cores chapadas, texturas em baixa resolução, movimentação estranha, pop-ups, efeitos de luz e sombra pouco convincentes. É bem verdade que GTA nunca teve gráficos soberbos, e que o mundo do jogo é imenso (e não há loadings em momento algum na transição entre os ambientes). Mas, o jogo não faz bonito. E, na versão PC, é preciso ressaltar a péssima qualidade do processo de portagem do jogo. Rodar GTA 4 com uma qualidade gráfica satisfatória e em um bom frame rate é um privilégio para poucos, prova de que o processo de otimização foi feito "nas coxas".

Sonoramente, entretanto, não há do que reclamar. As atuações de voz em sua maioria são brilhantes, assim como os efeitos sonoros. Nas ruas é possível ouvir os diálogos dos pedestres, muitas vezes em línguas como espanhol e até português, o que cai como uma luva para a ambientação, já que o jogo se passa em Liberty City, contrapartida virtual para Nova York, que, como sabemos, possui imigrantes de todos os cantos do mundo. Os eventuais sotaques de alguns personagens soam bastante naturais, sem caricatura. E a trilha sonora é um show a parte. Com diversas estações de rádio diferentes, o jogo aborda praticamente todos os estilos musicais existentes, do jazz ao hardcore, passando pelo rap e ritmos latinos. E, se ainda assim a trilha sonora não for o bastante, sem problemas, é possível ouvir nossas próprias MP3 durante o jogo.

A jogabilidade evoluiu pouco, mas alguns elementos excelentes foram implementados, sobretudo no tocante aos tiroteios. Antes de mais nada, agora existe um sistema de cover, semelhante ao de Gears Of War, que torna os combates muito mais interessantes. Outro ponto importante é atirar de dentro do carro, que agora é feito através de uma mira, bem semelhante a Máfia. Isso torna os combates em GTA 4, seja a pé ou sobre rodas, muito mais agradáveis do que antes.

Dirigir continua fácil e prazeroso, embora a direção esteja ligeiramente mais realista, nada que assuste, mas os carros respondem mais realisticamente aos comandos. No mais, praticamente nada mudou. Ponto negativo para a movimentação fora do carro, que não é das melhores.

Desde GTA 3, a série vêm se tornando cada vez mais famosa pelo seu primor artístico, seja nas representações cada vez mais realistas de cidades como New York (Liberty City, GTA 3), Miami (Vice City, do jogo homonimo), San Francisco, Los Angeles e Las Vegas (San Fiero, Los Santos e Las Venturas, GTA San Andreas), seja nos enredos sempre esmerados, seja nos bons diálogos, seja nos personagens marcantes. Em GTA 4, a direção de arte da série atinge seu ponto mais alto.

Em primeiro lugar, o enredo é meio batido. O jogo é protagonizado por Niko Bellic, ex-soldado oriundo do leste europeu (o país não é especificado), que vem para Liberty City a convite de seu primo Romam, que lá vivia há alguns anos e relatava uma vida de luxo e riqueza. Ao chegar, Niko descobre que Roman era apenas dono de uma pequena companhia de táxis, e devia dinheiro para vários criminosos da cidade. A partir daí, o enredo se desenrola, com Niko embrenhando-se cada vez mais no mundo do crime.

Apesar da história do imigrante que vem aos EUA em busca do "american dream" já tenha sido usada em trocentos jogos/filmes/livros, GTA 4 conta essa história como se estivéssemos assistindo a um bom filme de Quentin Tarantino: diálogos pra lá de inspirados, humor negro, personagens perturbados e situações caóticas. Isso sem falar nas críticas pesadíssimas a vários aspectos do "american (e por conseqüência de todo o mundo) way of life". Se o enredo em si não é um grande atrativo, a forma como ele é narrado é soberba. Some-se a isso o carisma de Niko Belic, o ex-soldado amargurado e casca grossa, embora não necessariamente um sujeito mal. Sem dúvida um dos melhores protagonistas da série.

Mas o grande feito artístico de GTA 4 é a ambientação. Se a Liberty City de GTA 3 apenas aludia vagamente a New York, a de GTA 4 é uma recriação minuciosa da cidade real, com todos os seus bairros, pontos turísticos e localizações perfeitamente recriadas. Os carros não ficam atrás, apesar dos nomes fictícios são perfeitamente reconhecíveis vários modelos do mundo real. E o conteúdo criativo não fica atrás, com diversas sátiras a propagandas, marcas e celebridades do mundo real. O esmero é tanto que até mesmo é possível navegar pela internet e assistir televisão, com sites e programas criados especialmente para o jogo.

Enfim, ao lado de Bioshock e Fallout 3, GTA 4 protagoniza o maior feito artístico dessa geração.

Embora a série GTA seja bastante aclamada, tanto pela crítica quanto pelas vendas, sendo um dos maiores sucessos comerciais dos videogames na atualidade, há muita gente que simplesmente abomina o jogo, por diversas razões. Pois bem, com a chegada de GTA 4, aqueles que não nutrem pela série particular apreço, continuarão na mesma. Como já dito, apesar dos implementos, pouco mudou em GTA 4 em comparação aos anteriores. O grosso da jogabilidade continua se resumindo a dirigir e atirar, inclusive com grande ênfase das missões que envolvem tiroteios sobre rodas. Há algumas missões paralelas que envolvem roubar carros, há ótimos minigames de sinuca, boliche e dardos, missões de vigilante (as de bombeiro, cafetão e paramédico foram inexplicavelmente retiradas. As de taxista mudaram o formato, embora ainda estejam lá, mas só servem mesmo para ganhar dinheiro), e alguns segredos como stunt jumps e collectibles (nesta edição são 200 pombos, que temos que encontrar e matar), mas o grosso da jogabilidade é mesmo dirigir e atirar. Pra quem gosta, é divertido.

GTA 4, se não representa uma revolução na série, melhora ligeiramente o que já era bom. É verdade que pouco se acrescentou, e que o mundo do jogo deu uma encolhida em relação a San Andreas. Não acho que seja o melhor jogo da série, mas sem dúvida trata-se de um jogo esmerado artisticamente, bem cuidado e divertido, sendo portanto recomendado àqueles que são fãs da série.

 

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