Need For Speed é
uma das mais longevas e famosas séries de corrida dos games. Desde
o lançamento de seu primeiro capítulo para o console 3DO, já são
mais de uma dezena de jogos, alguns excelentes, outros nem tanto.
Em 2003, foi lançado Need For Speed Underground, que deu uma
guinada na série. Saíram os carrões de luxos, entrou a cultura
tuner, cortesia do fenômeno Velozes e Furiosos. Embora essa guinada
tenha desagradado alguns dos fãs da série, atraiu uma legião de
novos seguidores, e tornou-se sucesso de vendas.
Pro Street representa uma nova guinada nos rumos da série Need For
Speed. Agora, ao invés de corridas clandestinas no meio de cidades,
há eventos patrocinados por grandes empresas, organizados por
grupos especializados, e que ocorrem em circuitos de rua ao redor do
mundo todo, em locais como Alemanha, Japão e EUA.
O tunning, presença forte durante a série Underground, continua
presente em Pro Street, com ainda mais opções de customização.
Pro Street é um jogo
bonito. Os cenários são legais, as texturas são muito bonitas, a
física não é uma maravilha mas convence. Os modelos dos carros são
bem bonitos, Embora alguns detalhes sejam estranhos, como as maçanetas.
Há ótimos efeitos de reflexo e luz, e as superfícies como terra,
areia, asfalto, grama, tecido parecem reais.
O único revés fica por conta dos modelos da platéia, que são
absurdamente medonhos, coisa de PSOne.
Os efeitos sonoros
cumprem seu papel, arrancadas, derrapadas, batidas, narração, tudo
está ok. A seleção de músicas é mais voltada para gêneros eletrônicos,
e não é lá grande coisa pra quem não gosta do estilo. Mas deve
agradar os aficionados, e não chega a incomodar.
Need For Speed,
sobretudo na série Underground, caracterizou-se por uma
jogabilidade completamente arcade. Pro Street tem uma jogabilidade
mais refinada, que exige que saibamos frear e acelerar no tempo
correto, que evitemos bater o carro (as batidas prejudicam o
desempenho do carro e custam dinheiro para serem reparadas),
saibamos usar corretamente recursos como vácuo e nitro e por aí
vai. É, sem duvida, uma evolução. Embora ela não seja totalmente
simulação, possui uma certa curva de aprendizagem, e impede
totalmente as barbeiragens que fazíamos na série Underground.
Aqui é que a coisa
fica feia. Pro Street tinha tudo pra ser um excelente jogo de
corrida. No entanto, ele possui uma série de aspectos que o tornam
frustrante e cansativo.
Pra começar, os carros controlados pelo computador sempre possuem
vantagem. Primeiro, porque sempre largam antes do seu, que larga em
último em 99% das corridas. Depois, mesmo que os carros do
computador sejam exatamente idênticos ao seu, eles sempre irão
correr mais rápido, e de uma hora pra outra irão te ultrapassar e
abrir 10 segundos de vantagem sem nenhuma razão lógica. A coisa é
tão absurda, que em certos modos como Sector Shootout e Time Attack,
é praticamente impossível chegar em qualquer posição que não a
última.
Também é preciso dizer que as pistas não são exatamente bem
pensadas. Muitas vezes elas são totalmente estreitas, o que impede
ultrapassagens e favorece deveras os carros que largam na linha de
frente.
Por fim, há os eventos chamados Challenge, onde todos os
competidores correm com os mesmos carros. Esses eventos são
absurdamente frustrantes, chatos, cansativos, difíceis. E o pior:
alguns deles são obrigatórios, sem vencê-los não é possível
avançar no jogo.
Enfim, o jogo é divertido. Mas só no começo. Chega uma hora em
que tudo fica tão difícil, que poucos terão saco pra terminar o
jogo.
Pro Street capta muito
bem o clima do universo tuner. Os cenários, baseados em localidades
reais, são bem feitos. No entanto, as pistas são poucas e em
poucas localidades diferentes. Senti falta também de uma maior gama
de personagens. Os "vilões" sequer aparecem, apenas seus
carros. Isso quebra o clima. Também faltou maior identidade visual
para as diferentes organizações de corrida.
Pro Street podia ter
marcado época. No entanto, mostrou-se um jogo mal pensado, cheio de
defeitos frustrantes demais, e que contrariam sua proposta de ser
mais voltado para a simulação. Esperemos que numa próxima versão
esses defeitos sejam corrigidos. Tecnicamente, ele supera com folga
seu antecessor, Carbon. Mas na diversão, não chega nem perto
disso.
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