Introdução
Há uma ligeira possibilidade de que
você nunca tenha ouvido falar em Clive Barker, mas esse escritor,
diretor de cinema e designer é um dos mais influentes da segunda
metade do século 20, tendo inclusive influenciado e muito a estética
de um dos filmes mais icônicos do fim do século: Matrix, e
criado Pinhead, um dos personagens mais famosos da história do
cinema.
Em 2001, Clive Barker fez sua primeira incursão ao mundo dos
games com Clive Barker's Undying, FPS de horror bastante original,
com uma ótima ambientação e armas que fugiam ao comum.
Infelizmente, o jogo foi um fracasso comercial, embora bem
recebido pela crítica.
Barker chegou a trabalhar num projeto que se chamaria Clive
Barker's Demonic, mas tal jogo acabou sendo cancelado. Agora, 6
anos após Undying, eis que chega a nossas mãos Jericho, nova
empreitada de Barker no mundo dos games.
Jericho conta a histoória da cidade de Al-Kalil, construída para
ser uma prisão ao Primogênito, um ser criado por Deus antes da
raça humana. De tempos em tempos, o Primogênito junta forças
para tentar fugir, e nesse momento são escolhidos 7 seres
humanos, para ir até Al-Kalil e selarem novamente o Primogênito,
no entanto acabam ficando eternamente presos lá também.
Quando a cidade de Al-Kalil reaparece, nos dias atuais, cabe ao
time Jericho, um grupo militar formado por paranormais, selarem
novamente a fenda.
Gráficos
Jericho possui um visual explêndido. Personagens, texturas,
ambientes, física, tudo é lindíssimo. O uso de uma paleta
escassa de cores, com predomínio de tons marrons, foi uma
decisão acertada que ajuda a manter o clima.
Superfícies como tentáculos e asas, que muitas vezes não
ficam lá muito belas em games, aqui são excelentes.,
Faço apenas uma ressalva para as sombras, que não são em
tempo real. E a iluminação poderia estar melhor.
Som
Dublagens muito boas, cheias
de personalidade, cada personagem tem um estilo próprio
inconfundivel. As músicas são belíssimas, e cumprem
muito bem seu papel, sempre se adequando ao momento. Os
demais efeitos sonoros também não deixam nada a desejar.
Jogabilidade
Jericho sem dúvida não
é um FPS comum. Antes de mais nada, durante o jogo
controlamos 7 personagens diferentes, cada um com
características muito particulares, e todos bastante
balanceados, não existe nenhum "apelão" e
nenhum "café com leite". Todos os
personagens possuem seus fracos e fortes, e com cada
um o jogo ganha um estilo diferente. Pode-se abrir
caminho feito um Rambo, o dedo enfiado no gatilho,
pode-se ficar de longe, atirando com um sniper rifle,
pode-se usar bullet time como em F.E.A.R., enfim, as
possibilidades são inúmeras.
Cada personagem também possui poderes especiais. São
coisas como magias de fogo, magias paralisantes,
telecinésia, bullet time, cura e outros.
Jericho, ao contrário do que a ambientação e os
inimigos fazem pensar, é um jogo de pura ação. Para
otimizar isso, o jogo possui ambientes pequenos,
lineares. E não há sequer itens a seres coletados.
Quando um personagem morre, basta ir para o controle
de outro. Quando a munição acaba, dentro de algum
tempo recebemos mais, e a cada checkpoint também.
Enfim, é um jogo de pura e desenfreada ação, e
cumpre muito bem a sua proposta.
Só uma ressalva para algumas combinações de
comandos meio complicadas de se fazer no calor da
batalha, e que algumas vezes são necessárias.
Arte
Os ambientes e
inimigos são absurdamente pavorosos. Poucas vezes
se viu um jogo com ambientes tão infernais, e com
inimigos tão grotescos. A estética de Clive
Barker está marcada a ferro quente no universo de
Jericho, então são constantes o uso de roupas
couro, correntes, implantes mecânicos em seres
vivos e tudo mais que Clive Barker tanto gosta.
O enredo é bem interessante, misturando textos apócrifos,
fatos; personagens e ambientes históricos e
viagens no tempo.
A maioria dos personagens é interessante, embora
alguns acabem caindo mesmo no cliche, bem como
algumas linhas de diálogo.
Diversão
Clive Barker's
Jericho é bastante divertido. Os diversos
personagens controláveis evitam que o jogo
caia na repetição, embora ele seja, sim,
meio repetitivo. Não há nada para se fazer
no jogo, a não ser matar inimigos. Por um
lado isso garante a ação e tensão
desenfreadas, por outro pode ser meio maçante.
Alguns momentos são difíceis um pouco além
do necessário, o que pode tornar o jogo
frustante a alguns. A curva de aprendizado de
cada personagem pode ser um pouco demprada,
mas o uso de seus poderes é bem explicado e
intruitivo.
Como o jogo não é exatamente longo, a repetição
não chega a cansar, embora seja difícil
querer termina-lo novamente.
Para agregar um pouco de replay, o jogo traz
fichas de personagens destracáveis através
de certas exigencias, como matar x inimigos
usando um determinado poder, ou terminar
certas fases sem morrer nenhuma vez.
Conclusão
Um ótimo
FPS, bastante diferente do que costumamos
ver, para o bem e para o mal. Vale
principalmente pela estética e pelos
diversos personagens. Para quem gosta de
um jogo mais arcade, onde a única obrigação
é sentar o dedo em dezenas de inimigos,
é uma ótima pedida.
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